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O presente, o passado e o futuro na psicoterapia.

Poder entender a articulação entre as três divisões temporais no processo de psicoterapia também nos auxilia entender como esse processo funciona e qual o nosso papel dentro dele, seja enquanto paciente ou enquanto psicoterapeuta. Vou tentar mostrar a seguir o quero dizer com isso.

O presente, o momento atual, é esse que estamos implicados, e se estamos fazendo terapia ou se pensamos em entrar no processo psicoterapêutico é porque existe algum tipo de sofrimento ou sofrimentos que nos envolve, e que acreditamos que com o trabalho ali feito possamos ter uma mudança em relação a esse sofrimento. Partiremos daquilo que nos aflige no momento para tratar durante esse processo.

O passado tem seu papel quando entendemos que a origem do sofrimento atual tem origem no passado, seja por algum momento em que fomos marcados ou em nossa própria constituição, em nossa forma de agir e pensar. Revisitar o passado nos auxilia pois ele consegue trazer a razão para aquilo que sentimos agora, e a partir disso, podemos pensar o quê fazer a seguir. Um apontamento importante é perceber que nossa percepção sobre aquilo que já aconteceu muda conforme vivemos, ou seja, o fato de como algo aconteceu sempre permanecerá o mesmo, mas a maneira que damos significado aquele momento se diferencia conforme há a mudança de si.

Sobre o futuro, não sabemos como isso ocorrerá, somente sabemos que as coisas serão diferentes. Quando tomamos uma decisão é sempre uma aposta, e essa aposta vem daquilo que imaginamos que possa vir acontecer, mas não há garantia. Nesse sentido, no processo de psicoterapia, o futuro tem seu valor pois nele há a promessa que aquilo que é hoje ou foi ontem é diferente do que será amanhã, e que diante disso podemos esperar que nossa relação com o sofrimento seja outra. Porém, essa espera não pode ser passiva,  é necessário que haja trabalho para que a diferença possa acontecer. 

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